segunda-feira, 22 de julho de 2013

A minha maior lembrança foi ter te visto sempre sorrindo, vindo até mim sempre alegre, dizendo que não tem de quê. Eu te agradeço por ter me virado do avesso e ter me ensinado a viver, a deixar pra trás tudo aquilo que não me servia mais. Eu reconheço gente que se preocupa com a gente, gente que nos enxerga além do que parecemos ser.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012



“Ninguém o definiu melhor do que ele mesmo. Nem de forma mais sintética, numa palavra só – exagerado. Era vida demais, lucidez demais, sensibilidade demais. Tudo filtrado pelo alento, que também era um excesso. Quando partiu, aos 32 anos, depois de passar pela musica brasileira feito um cometa perturbador de camadas adormecidas, Cazuza conseguira vários milagres. Fundiu o rock à MPB, integrando definitivamente a guitarra elétrica à cuíca, aproximando Cartola de Lou Reed, Nelson Cavaquinho de Janis Joplin; mostrou, em letras como as de “Brasil” ou “Ideologia”, que o delicado e subjetivo poeta de “Codinome Beija-Flor” podia também ser um sarcástico critico social. Atrás da rebeldia e do gosto pelo tratamento de choque nos bem-pensantes, uma ânsia única e simples: beber, de todas as maneiras, todo amor que pudesse haver nesta vida. Agenor de Miranda Araújo Neto, seu pomposo nome verdadeiro, positivamente não combinaria com ele. Dentro do garoto que gostava de imitar Maria Bethânia em cima da mesa da sala, um cabo de vassoura fingindo de microfone, o moleque Cazuza já estava escondido. E começou a vir à tona em 1981 quando, junto com Frejat, fundou o Barão Vermelho. Foram três discos com o grupo, até 1985. Partindo para a carreira solo, então, nos cinco anos seguintes que lhe restavam de vida terrena e criação, em suas canções e seu comportamento, Cazuza traria uma dilacerada contemporaneidade para estas terras ao sul do Equador. Ninguém como ele, à sua maneira tropical – transitório, eterno e príncipe maldito como Jim Morrison –, refletiria tão precisamente sua geração e seu tempo. Cada vez mais acelerado, com menos tempo a perder com aquilo que não fosse profundamente verdadeiro, embora doloroso, o poeta Cazuza evoluiu das letras românticas ou atrevidas para ouras mais pungentes, capazes de concentrar toda a condição humana. A voz cada vez mais rouca, quem sabe pela consciência de não passar de uma cobaia nas mãos de um Deus talvez cruel, finalmente pediu piedade para a gente careta e covarde que não conseguira calá-lo. Tudo que era fúria, virou também amor. E o que foi sombra, transformou-se em luz. Espelho dos nossos infernos e paraísos mais comuns, e mais secretos, Cazuza partiu cedo. Mas só aparentemente, porque no redondo completo de sua trajetória, ferido em pleno vôo, provou o que uma de suas escritoras preferidas, Clarice Lispector, gostava de repetir - “as grandes sensibilidades nunca passam impunes”. Além do brilho incomum de sua obra poética e musical, deixou ao Brasil outras lições ainda mais fundamentais. Integridade, dignidade. Pois afinal, dizer coisas sérias ao mesmo tempo em que se divertia como um doido, também fazia parte do seu show..”

Caio Fernando Abreu

sábado, 4 de agosto de 2012

"Eu acho que tenho essa ironia, esse deboche sim. É uma autodefesa, porque as pessoas são fogo mesmo. Então a gente tem que jogar um pouco com o deboche, com o cinismo para não se machucar."
- Cazuza
"Provei
De todo o amargor que ele tem
Então jurei
Nunca mais amar ninguém."

“Quando deixou de ser aquilo que era. Até mesmo quando deixou de fazer questão de todas essas coisas que hoje eu resolvi dar importância. E só dei importância porque quis que você soubesse o quanto sinto sua falta, o quanto sempre senti.”
- Cazuza

domingo, 10 de junho de 2012


“Eu sonhei com os olhos verdes, Zé. E adivinhe só, acordei pensando que fosse tudo verdade… Imagina minha cara de decepção quando acordei. Ele disse que me amava, Zé. E isso meio que mexeu com a realidade. Dois meses atrás ele me abraçou e disse isso, mas disse de verdade, não foi um sonho não… E sabe Zé, eu sei que é verdade. Eu sei que de alguma forma ele sente alguma coisa parecida com o amor por mim, do jeito dele, mas sente.”

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Tenho tanta coisa e a lembrança dele ainda me consome. Eu tenho tanta coisa e sem ele tudo se reduz a nada.